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Fundo de ações: mais risco para obter maiores rentabilidades com a segurança de especialistas.

Atualizado: 27 de jun. de 2021




Como vimos no post anterior, os fundos de investimento no Brasil são regulados pela instrução CVM 555. Na resolução, os fundos são classificados em relação a composição de sua carteira em:


  1. Fundo de Renda Fixa;

  2. Fundo de Ações (fundos com, no mínimo, 67% da carteira em ações);

  3. Fundo Multimercado e

  4. Fundo Cambial (mínimo de 80% da carteira em ativos ligados a moedas).


O que são Fundos de Ações?


Como o nome revela, fundos de ações têm como objetivo investir no mercado acionário. Por definição, devem aplicar no mínimo 67% – ou dois terços – do seu patrimônio em ações negociadas em mercados organizados, como bolsas de valores, ou em outros ativos relacionados a esse segmento.


É o caso de bônus ou recibos de subscrição, certificados de depósito de ações, cotas de outros fundos de ações, cotas de fundos de índice de ações e ainda BDRs (recibos emitidos no Brasil que representam ações negociadas no exterior). O terço restante do patrimônio líquido pode ser investido em outros tipos de ativos financeiros.


Um detalhe é que, se estiver previsto no regulamento, não é preciso que sigam os limites de concentração por emissor que valem para os fundos em geral. Normalmente, é permitido aos fundos investir no máximo 20% do patrimônio em ativos emitidos por uma mesma instituição financeira. No caso de empresas de capital aberto e outros fundos, o limite é de até 10% do patrimônio, e de 5% para os demais emissores.


No caso das carteiras focadas em ações, é possível ultrapassar esses percentuais. Para isso, elas precisam informar – no termo de adesão e ciência de risco – que que podem estar expostas a uma concentração significativa em ativos financeiros de poucos emissores. Esse é o documento que os investidores assinam para formalizar sua participação em um fundo. É importante que o termo deixe bem claro os riscos envolvidos no investimento.


Quais as vantagens e desvantagens dos Fundos de Ações?


Uma das principais vantagens de investir em fundos de ações é contar com a gestão de um profissional especializado, que decide sobre os investimentos a partir de uma série de critérios e análises. É muito difícil para um pequeno investidor fazer isso por conta própria.


Por outro lado, investidores que já conheçam o mercado não têm a possibilidade de interferir nas decisões ou escolher as ações que serão negociadas, porque tudo isso é papel único e exclusivo do gestor.


Os fundos de ações também permitem diversificar os investimentos mesmo sem ter muito dinheiro. Isso porque as carteiras costumam estar divididas em vários ativos, e não concentradas – a menos que a estratégia do fundo seja exatamente aplicar em poucas ações.


O número de investidores que compram ações no pregão da B3 não para de crescer. Então porque optar pelos fundos, e não pela aplicação diretamente nos papéis?


Qualquer uma das duas opções pode ser interessante para quem quer apostar no mercado acionário. Considere alguns aspectos para fazer a sua escolha:


  • Os fundos facilitam o investimento, pois o gestor e o administrador se responsabilizam por todo o processo da compra em si das ações. Você não precisará se preocupar nem com a escolha dos papéis, nem com os procedimentos de liquidação das operações.

  • A tributação também é mais simples nos fundos de ações. O Imposto de Renda é cobrado apenas na hora do resgate das cotas. Já quem aplica diretamente na Bolsa precisa calcular mensalmente quanto deve ao fisco, além de emitir e quitar um Darf (documento de arrecadação de receitas federais).

  • Dependendo do valor, pode ser mais barato investir diretamente em ações do que via fundos. As corretoras podem ter taxa de corretagem e de custódia, e a Bolsa cobra emolumentos nas operações. Mas não são raras as casas que isentam os investidores de custódia e fazem pacotes de corretagem com preços competitivos. Já os fundos têm taxa de administração e, em alguns casos, de performance que podem abocanhar uma parcela considerável do rendimento da aplicação.

  • Quem tem experiência com o mercado de capitais e volumes elevados de recursos para investir pode se sentir mais confortável tomando as próprias decisões na bolsa.


Nesse caso, o investimento direto também faz mais sentido do que via fundos, em que o investidor não tem ingerência sobre as decisões do gestor.


Qual é a Tributação dos Fundos de Ações?


Imposto de Renda (IR)


A alíquota do Imposto de Renda sobre fundo de ações é de 15%, sendo essa porcentagem fixa, independentemente do tempo da aplicação e do valor investido. Aliás, além de pagar o IR sobre as operações de fundo de ações, será preciso informar na declaração anual do Imposto de Renda a posse dos fundos e seus rendimentos. Não existe antecipação de IR via come-cotas.


IOF


O Imposto sobre Operações Financeiras incide apenas sobre os resgates realizados em um período inferior a 30 dias da data da aplicação dos recursos. Se você aplicou e não quis esperar um mês para fazer o resgate, o imposto será cobrado.


Quais são os custos para investir em Fundos de Ações?


É preciso ter muita atenção às taxas cobradas. Afinal, se eles forem muito altas e o fundo obtiver um desempenho abaixo do esperado, seus resultados podem ficar comprometidos.


Taxa de administração


Essa taxa é bastante comum e você, provavelmente, vai vê-la em outros investimentos. Ela é cobrada para pagar as instituições responsáveis pela gestão, distribuição e administração dos fundos.


Taxa de performance


A incidência da taxa de performance é uma particularidade dos fundos de investimento. Ela não é cobrada sempre, mas apenas quando as aplicações superam alguns índices de referência do mercado financeiro.


Os investimentos em Fundos de Ações têm a garantia do FGC?


Os fundos de investimentos não contam a com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito - FGC. Contudo, eles não são afetados pela quebra de uma instituição financeira, já que o patrimônio deles não se misturam.


Quais são os Tipos de Fundos de Ações?


A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) subdivide os fundos de ações em 12 diferentes tipos (no nível 3), de acordo com a especialidade, a refletir os fatores de risco ou os mercados em que atuarão.


Na tabela abaixo temos a exibição dos três níveis de classificação de fundos.



O Segundo Nível


Neste nível os fundos são classificados conforme o tipo de gestão (indexada ou ativa), específicos para fundos com características diferenciadas ou investimento no exterior. Conheça cada um deles:


Indexados:


Fundos que têm como objetivo replicar as variações de indicadores de referência do mercado de renda variável. Os recursos remanescentes em caixa devem estar investidos em cotas de fundos renda fixa – duração baixa – grau de investimento ou em ativos permitidos a estes desde que preservadas as regras que determinam a composição da carteira do tipo ANBIMA.


Ativos:


Fundos que têm como objetivo superar um índice de referência ou que não fazem referência a nenhum índice. A seleção dos ativos para compor a carteira deve ser suportada por um processo de in- 19 vestimento que busca atingir os objetivos e executar a política de investimentos definida para o fundo. Os recursos remanescentes em caixa devem estar investidos em cotas de fundos renda fixa – duração baixa – grau de investimento ou em ativos permitidos a estes desde que preservadas as regras que determinam a composição da carteira do Tipo ANBIMA, exceção feita aos fundos classificados como Livre (nível 3).


Específicos:


Fundos que adotam estratégias de investimento ou possuam características específicas tais como condomínio fechado, não regulamentados pela Instrução nº 555 da CVM, fundos que investem apenas em ações de uma única empresa ou outros que venham a surgir.


Investimento no Exterior:


Fundos que investem em ativos financeiros no exterior em parcela superior a 40% do patrimônio líquido. Estes fundos devem seguir o disposto no art. 101 Instrução nº 555 da CVM.


Terceiro Nível


Neste nível os fundos são classificados conforme a estratégia. Ao optar pelos fundos indexados, as opções no terceiro nível são os fundos atrelados a índices de referência.


Os fundos ativos, por sua vez, se dividem no terceiro nível em:


Valor / Crescimento:


Fundos que buscam retorno por meio da seleção de empresas cujo valor das ações negociadas esteja abaixo do “preço justo” estimado (estratégia valor) e/ou aquelas com histórico e/ou perspectiva de continuar com forte crescimento de lucros, receitas e fluxos de caixa em relação ao mercado (estratégia de crescimento).


Setoriais:


Fundos que investem em empresas pertencentes a um mesmo setor ou conjunto de setores afins da economia. Estes fundos devem explicitar em suas políticas de investimento os critérios utilizados para definição dos setores, subsetores ou segmentos elegíveis para aplicação.


Dividendos:


Fundos que investem em ações de empresas com histórico de dividend yield (renda gerada por dividendos) consistente ou que, na visão do gestor, apresentem essas perspectivas.


Small Caps:


Fundos cuja carteira é composta por, no mínimo, 85% em ações de empresas que não estejam incluídas entre as 25 maiores participações do IBrX - Índice Brasil, ou seja, ações de empresas com relativamente baixa capitalização de mercado. Os 15% remanescentes podem ser investidos em ações de maior liquidez ou capitalização de mercado, desde que não estejam incluídas entre as dez maiores participações do IBrX – Índice Brasil.


Sustentabilidade / Governança:


Fundos que investem em empresas que apresentam bons níveis de governança corporativa, ou que se destacam em responsabilidade social e sustentabilidade empresarial no longo prazo, conforme critérios estabelecidos por entidades amplamente reconhecidas pelo mercado ou supervisionados por conselho não vinculado à gestão do fundo. Estes fundos devem explicitar em suas políticas de investimento os critérios utilizados para definição das ações elegíveis.


Índice Ativo ("Indexed Enhanced"):


Fundos que têm como objetivo superar o índice de referência do mercado acionário. Estes fundos se utilizam de deslocamentos táticos em relação à carteira de referência para atingir seu objetivo.


Livre:


Fundos sem o compromisso de concentração em uma estratégia específica. A parcela em caixa pode ser investida em quaisquer ativos, desde que especificados em regulamento.


No nível 3, os fundos específicos se dividem em:


Fundos Fechados de Ações:


Fundos de condomínio fechado regulamentados pela Instrução nº 555 da CVM.


Fundos de Ações FMP-FGTS:


De acordo com a regulamentação vigente.


Fundos de Mono Ação:


Fundos com estratégia de investimento em ações de apenas uma empresa


Como escolher e encontrar o melhor fundo?


Ao aplicar em um fundo de ações, você poderá visualizar todos os detalhes do fundo pelo site da gestora ou pelo site de sua instituição.


Todo fundo ganha um número de CNPJ e é através dele que você pode obter os dados e detalhes do mesmo no site da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, portanto não deixe de registrar o número do CNPJ do seu fundo de investimento.


Prospecto


O prospecto de um fundo consiste em seus objetivos e estratégias. Você deve conferir um resumo do prospecto no site do fundo de investimento ou ter todos os detalhes clicando nas opções:


  • Material de divulgação

  • Informações complementares

  • Regulamento

Essa é a etapa mais importante na escolha de um fundo de investimento. Nunca invista sem saber no que está aplicando. Esse é um erro comum, que deve e pode ser evitado!


Abaixo um exemplo de lâmina de um Fundo de Ação:






Risco


Se você está com vontade de investir em fundos de ações, comece avaliando sua tolerância a risco. Essas carteiras, por serem focadas em renda variável, podem apresentar um grau elevado de volatilidade. Significa que a variação do valor da cota pode ser grande e rápida.


Exatamente por esse motivo, o potencial de retorno com um fundo de ações costuma ser considerado alto. Por isso, o balanço entre o risco e a chance de ganho deve ser considerado pelos investidores.


Comece respondendo, para si mesmo, perguntas como qual seu patamar de conhecimento sobre os fundos que estão no seu radar ou quanto tempo teria disponível para estudar sobre eles. Avalie também seu possível comportamento diante da volatilidade dos investimentos. Qual seria sua reação se o valor das suas cotas subisse ou caísse 5% em poucos dias?


Aplicação mínima


Vale a pena verificar também qual é a aplicação inicial dos fundos de ações que você estiver avaliando – ou seja, o valor mínimo que o investidor deve aportar na primeira vez que aplica. Esse valor varia muito de acordo com o nível de sofisticação e o risco da carteira.


Fundos de ações voltados para investidores de varejo costumam exigir aplicações iniciais muito baixas. Em geral, é possível entrar em um deles com valores a partir de R$ 250,00. Já as carteiras mais sofisticadas podem exigir um valor inicial elevado – de até mais de R$ 50 mil.


Alguns fundos estabelecem também um valor mínimo para cada movimentação. Assim, novos aportes – depois do inicial – também devem obedecer uma faixa de corte.


Certos fundos de ações são voltados apenas para investidores chamados “qualificados”. Em geral, essas carteiras envolvem algum tipo de risco adicional – ou investem em ações mais voláteis, ou têm um prazo de resgate maior que o usual, entre outras possibilidades. Um investidor qualificado é:


  • um investidor profissional;

  • um investidor que tenha aplicações superiores a R$ 1 milhão e ateste a condição de investidor qualificado;

  • um investidor que tenha sido aprovado em exames de qualificação técnica ou possua certificações aprovadas pela CVM (como a de agente autônomo de investimento, administrador de carteira, analista ou consultor de valores mobiliários);

  • um clube de investimento que tenha a carteira gerida por cotistas que sejam considerados investidores qualificados.

Performance e rentabilidade


Os investidores costumam se interessar em conhecer o desempenho histórico dos fundos de ações. Ainda que a rentabilidade passada não represente uma garantia do retorno futuro, essa análise permite identificar como a carteira se comporta em períodos de mercado distintos. Assim, os possíveis altos e baixos da aplicação deixam de ser uma surpresa.


As informações sobre a rentabilidade ficam disponível nos sites da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da, além de serem repassadas diretamente pelos administradores dos fundos em documentos como a lâmina.


Liquidez


O prazo de resgate das cotas deve ser avaliado na escolha de um fundo de ações. Isso deve constar do regulamento, especificando a data de conversão (quando o cálculo do valor das cotas será feito para o pagamento do resgate) e a data de pagamento (quando os recursos serão efetivamente disponibilizados ao investidor).


Para entender melhor, imagine um fundo com data de conversão em D+1. Significa que o cálculo do valor das cotas usado como referência para o pagamento ocorrerá um dia útil após o dia em que o resgate foi solicitado. Se o regulamento desse mesmo fundo especificar que a data de pagamento acontece em D+3, significa que o depósito do dinheiro será feito três dias úteis depois.


Dependendo da carteira, esse prazo pode ser ainda maior: D+10, D+30 ou até D+90. No caso dos fundos de ações, é comum que as carteiras que investem em small caps, por exemplo, tenham datas de conversão e pagamento mais estendidas. Isso porque esse tipo de ação costuma ter menos liquidez, levando mais tempo para ser negociada na bolsa.


Rating e avaliações


Uma boa referência para quem está procurando um fundo de ações para investir são avaliações externas – de casas de análise ou de especialistas – sobre as carteiras. Normalmente, são considerados fatores objetivos, como rentabilidade e nível de risco, para indicar quais são as melhores do mercado.


Três aspectos norteiam normalmente os "ratings": as taxas do fundo, a sua rentabilidade em comparação com o CDI e a volatilidade. A avaliação do histórico e tempo de existência do fundo também é considerado.



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