Sua empresa teve lucro ou prejuízo? Entenda o DRE e suas informações valiosas!
Atualizado: 19 de ago. de 2021
Se você é um empresário ou atua na administração de um negócio, certamente já ouviu o termo DRE, certo? Apesar de ser um relatório contábil, você não precisa ser contador para entender o DRE e a sua importância para a gestão.
DRE é a sigla para o Demonstrativo (ou a Demonstração) de Resultados do Exercício, um dos principais instrumentos da administração, que nos permite entender e analisar a saúde financeira das empresas, evidenciando se há lucro ou prejuízo, bem como o seu nível de eficiência operacional.
Empresas brasileiras de todos os portes (exceto MEI`s) são obrigadas por lei a apresentar o DRE, anualmente, obedecendo à estrutura padrão estabelecida, que contempla uma síntese econômica completa das atividades operacionais e não operacionais do negócio, confrontando Receitas, Custos e Despesas apuradas no exercício.
Embora seja elaborado anualmente por exigência legal, o DRE pode ser gerado mensalmente (ou periodicamente), para fins administrativos e gerenciais, já que permite visualizar com clareza onde a empresa está ganhando ou perdendo dinheiro, para tomadas de decisões estratégicas e medidas corretivas de percurso.
Em conjunto com o Balanço Patrimonial e a Análise de Fluxo de Caixa, o DRE é um dos três relatórios indispensáveis para demonstrar a saúde financeira do negócio, para atração de possíveis investidores e sócios ou aprovação de crédito no mercado.
Estrutura do DRE:
Tendo em vista que o DRE retrata a eficiência operacional da empresa, deve-se sempre obedecer ao princípio contábil do Regime de Competência, ou seja, independente da data de recebimento ou pagamento, todas as Receitas, Custos e Despesas devem ser registradas na data em que ocorreram (data do fato gerador).
De acordo com a legislação brasileira (Lei nº 6.404, de 15 – 12 – 1976, Lei das Sociedades por Ações), as empresas deverão discriminar no Demonstrativo do Resultado do Exercício:
A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos sobre faturamento;
A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias vendidas e serviços prestados e o lucro bruto;
As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
O resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a provisão para tal imposto;
As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistências e previdência de empregados;
O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.
Segue uma estrutura resumida de DRE e como interpretar os valores apresentados:
(+) Receita Bruta
Ponto de partida do DRE, este é o valor total agrupado (ou subdividido) de receita gerada pela venda de produtos, venda de mercadorias, prestação de serviço ou recebimento de royalties.
(-) Deduções e Impostos
Dedução de Vendas ou Faturamento, devoluções, descontos oferecidos e abatimentos de impostos que incidem diretamente sobre a venda, como ICMS, ISS e IRRF.
(=) Receita Líquida
Resultado da receita bruta menos as deduções. Primeiro indicador a ser avaliado.
(-) Custo Variável (CPV, CMV ou CSV)
Custo de produtos vendidos (CPV), custos de mercadorias vendidas (CMV) ou Custo dos Serviços Prestados (CSP). Gastos relativos à matéria-prima para fabricação de um produto, compra de uma mercadoria ou execução de um serviço.
(=) Margem Bruta ou Lucro Bruto
Resultado da diferença entre a Receita Líquida e o Custo Variável.
(-) Despesas Variáveis ou Despesas com Vendas
Apresentam forte relação com as atividades de produção e vendas, mas não estão diretamente atreladas às quantidade vendidas. Exemplo: fretes pagos pela entrega dos produtos aos clientes ou os gastos de combustível dos veículos utilizados pela força de vendas, comissões.
(=) Margem de Contribuição
Outro indicador de extrema importância, a Margem de Contribuição é composta pela Margem Bruta menos as Despesas Variáveis.
(-) Gastos com Pessoal
São os desembolsos relacionados a empregados, como salários, encargos sociais e benefícios.
(-) Despesas Operacionais Ou Administrativas
Compreendem todas as despesas fixas relacionadas aos gastos para manter a empresa em funcionamento, independentemente das vendas, como aluguel, água, energia, telefone, Internet etc.
(=) EBITDA ou Lucro Operacional
Lucro Antes dos Juros, Impostos (tributos), Depreciação e Amortização. Representa o resultado gerado pela operação da empresa, sem a influência de fatores não operacionais, como Receitas e Despesas financeiras.
(-) Depreciação, Amortização ou Exaustão
Provisões para despesas com a perda de valor dos ativos da empresa durante o tempo útil dos mesmos, antes de precisarem ser descartados e substituídos por um novo.
(-) Outras Despesas
Despesas Financeiras, isto é, gastos com juros e multas, variações cambiais e outros.
(=) Resultados antes do IRPJ e CSLL
Resultado do EBITDA menos depreciações, amortizações e outras despesas. Indica o lucro, desconsiderando o impacto dos tributos cobrados sobre o resultado (IRPJ e CSLL).
(-) IRPJ e CSLL
IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) são tributos cobrados sobre o Resultado Operacional.
(=) Resultado Líquido
Resultado final da empresa, considerando os ganhos e perdas do período, obtido a partir da subtração dos impostos e taxas pagas sobre o lucro bruto. Fundamental para as mais diversas tomadas de decisões, como realizar financiamentos próprios, investimentos ou distribuição entre sócios, acionistas e funcionários.
Apesar das exigências legais quanto à estrutura e informações obrigatórias no DRE oficial, há a possibilidade de elaborarmos um DRE gerencial periódico, que pode ser personalizado, conforme a necessidade de cada negócio.
E como analisar o DRE?
Após entender os conceitos do DRE, conheça algumas maneiras de analisar os valores apresentados, para embasar as tomadas de decisões e direcionar a gestão:
1. Análise Vertical:
Para a Análise Vertical, precisamos calcular o quanto, percentualmente, cada valor listado no DRE representa em relação à Receita Bruta. Assim é possível entender a participação de Deduções, Custos, Despesas e Impostos no Resultado Líquido da empresa, bem como entender o percentual de Lucro (ou Prejuízo) gerado pela atividade.
A Análise Vertical do DRE pode, por exemplo, contribuir na formação de preços de vendas de produtos ou serviços, tendo em vista o percentual alocado para os custos e margem de contribuição para o funcionamento da empresa.
Ao comparar estes percentuais do DRE ao longo do tempo, podemos detectar a estabilidade ou desvios, identificando os principais itens que estão impactando os resultados além do que deveriam e realizar os ajustes necessários.
2. Análise Horizontal:
Para obtermos uma Análise Horizontal do DRE, precisamos comparar os resultados entre os períodos (meses, trimestres, anos), identificando a proporção (diferença percentual) entre o aumento ou diminuição das Receitas, Custos e Despesas.
Calculamos a relação dos valores de um período em relação ao período anterior, com o objetivo de monitorar produtividade e a rentabilidade da empresa, verificando se os resultados estão melhorando ou piorando.
3. DRE Planejado x Realizado:
Ao definir o planejamento do negócio, é possível projetar o DRE para os próximos meses, tendo em vista a expectativa de vendas (Receita Bruta) e os percentuais calculados na Análise Vertical do DRE.
Assim, poderemos comparar, periodicamente, os valores reais com os valores previstos, para verificar o quanto cumprimos dos objetivos e metas planejadas. Em caso de desvios impactantes e indesejados, é necessário rever o planejamento (que pode ter sido inadequado à realidade) ou agir para retomar o percurso desejado.
4. Indicadores de Desempenho extraídos do DRE:
Diversos indicadores estratégicos de desempenho podem ser extraídos dos dados disponíveis no Demonstrativo de Resultados do Exercício, principalmente da Análise DRE Orçado X Realizado.
Cada gestor deve identificar os KPI`s (do inglês Key Performance Indicator ou indicador-chave de desempenho) para seu negócio. Veja alguns exemplos mais utilizados:
Faturamento Bruto: Percentual do Faturamento Bruto Real em relação ao planejado.
Ticket Médio: É valor médio recebido por venda, calculado com a divisão do valor total de Receita Bruta pela quantidade de vendas no período. O indicador pode ser a relação percentual entre o ticket médio real e o previsto.
Margem de Contribuição: Percentual entre real e previsto.
Ponto de Equilíbrio: É o cálculo de quanto a empresa precisa vender para pagar seus custos e despesas. Fórmula utilizada para cálculo: (Custos + Despesas Fixas) ÷ Margem de contribuição. O indicador pode ser a relação percentual entre o ponto de equilíbrio real e o previsto.
EBITDA: Percentual entre real e planejado.
Lucratividade: Percentual do lucro real em relação ao planejado.
Accounting: Simplificando a contabilidade e a elaboração de seu DRE gerencial
Como pudemos verificar, relatórios contábeis, como o DRE, muitas vezes são tratados apenas como obrigações legais e informações valiosas podem ser desconsideradas, se não soubermos analisar corretamente a demonstração.
Para simplificar a contabilidade gerencial das empresas, a Paiva Piovesan oferece o software contábil Accounting, que pode ser utilizado isoladamente, por contadores ou profissionais com conhecimentos mais avançados na área, ou integrado aos demais módulos do sistema de gestão Company V20.
O Accounting permite a contabilização dos negócios e a geração de diversos relatórios, como: Diários, Razão, DRE e Balanço Patrimonial. Ao integrar com os módulos administrativo (Business) e financeiro (Finance), os negócios registrados no Business e os lançamentos financeiros do Finance podem ser transferidos e contabilizados no módulo contábil, acelerando a geração do DRE e outros relatórios em tempo real.
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